Obrigado, Ana de Castro Osório (1872-1935)

Feminista e republicana, é uma figura incontornável (e, sem dúvida, controversa) da História do feminismo português. A jornalista e pedagoga mangualdense integrou o Grande Oriente Lusitano a partir de 1907, onde, significativamente, escolheu o pseudónimo Leonor da Fonseca Pimentel e chegou a fundar uma loja, à qual deu o nome de Carolina Beatriz Ângelo.Terá sido a filiação na maçonaria a cativar o seu interesse pelo associativismo feminino, já que, nesse mesmo ano, na sequência da redação do primeiro manifesto feminista português- "Às Mulheres Portuguesas" (1905), cria o “Grupo Portugês dos Estudos Feministas”, berço da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP). A LRMP nasce, então, em 1909 pelas mãos de Ana de Castro Osório (A.C.O.), Carolina Beatriz Ângelo e Adelaide Cabete, com o propósito de "orientar, educar e instruir, nos princípios democráticos, a mulher portuguesa, fazer propaganda cívica, inspirando-se no ideal republicano e democrático e promover a revisão das leis na parte que interessa especialmente à mulher e à criança". Embora de existênca efémera (foi extinta em 1919) o impacto das intervenções da Liga na sociedade portuguesa foi notável: criou a sua própria imprensa periódica de distribuição nacional, criou e custeou a iniciativa “Obra Maternal” (que se propunha a recolher e educar as crianças em situação de risco), apelou a que se legislasse contra o lenocínio e a prostituição infantil; na convicção de que "Só a educação pode contribuir para a emancipação das mulheres e a construção de uma sociedade mais justa e um mundo melhor", criou cursos para mulheres, promovendo a sua profissionalização, e consequente autonomia financeira. No entanto, o maior impacto da ação da Liga resultou da sua participação na elaboração das Leis do Divórcio, em 1910, por Afonso Costa e A.C.O., e na luta pelo direito ao voto das mulheres, apenas conseguido em 1931 e pomo da discórdia, já que, a fação mais conservadora da LMRP, liderada por A.C.O., defendia que este fosse apenas concedido às mulheres da ”elite intelectual”, e a fação mais progressista, liderada por Maria Veleda, defendia o sufrágio universal.


4 março 2021