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HÔ precisamente 76 anos, o Exército Vermelho libertava o campo de concentração e extermínio de Auschwitz e, por isso, hoje é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

No dia de hoje, relembramos as vítimas do maior genocídio do século XX. Num intervalo de tempo de apenas quatro anos (1941-1945), sob uma agenda populista e nacionalista de extrema direita promovida pelo regime de Adolf Hitler, a Alemanha Nazi e os seus cúmplices foram responsÔveis pelo assassinato de 17 milhões de pessoas. Entre estas, destacam-se normalmente os 6 milhões de judeus, mas importa também referir, entre os outros 11, outros grupos étnicos e religiosos, como eslavos, ciganos ou testemunhas de JeovÔ, bem como homossexuais ou pessoas com deficiência física ou transtorno psíquico. Se houver definição para o mal absoluto, penso que andarÔ próxima disto. Provocar um assassinato em massa tendo em conta discriminação étnico-racial, religiosa ou de outro tipo é uma barbÔrie, o pior atentado contra a Humanidade e nunca poderÔ ser esquecido.
E nĆ£o poderĆ” ser definitivamente esquecido nos dias de hoje, no panorama polĆ­tico atual. Ɖ que, com maior ou menor grau de horror, os sintomas desses tempos – e, diga-se, de todos os regimes de extrema direita – estĆ£o todos lĆ”. HĆ” uma crise, como houve na altura, que poderĆ” tomar proporƧƵes drĆ”sticas semelhantes. HĆ” sentimentos populares semelhantes aos da altura, nomeadamente de ressentimento contra felicidade ou direitos de outros cidadĆ£os, e de desconfianƧa dos polĆ­ticos “do sistema”, muitas vezes atĆ© porque estes falharam em dar resposta aos problemas da vida concreta destas pessoas. HĆ” aproveitamento por parte de populistas com uma agenda etnonacionalista de extrema direita, que fazem este “cidadĆ£o comum” sentir-se ouvido e que empolam os ressentimentos de que falei criando bodes expiatórios, sejam eles os refugiados/imigrantes, os ciganos, os progressistas, os subsĆ­dio-dependentes ou os judeus, entre outros. SerĆ” comparar tudo isto com o nazismo e Hitler, ou outros regimes, “um grande exagero”? Pode vir a ser, mas o facto Ć© que comeƧam sempre por algum lado. E tambĆ©m na altura, quando comeƧaram, havia gente, incluindo nos próprios grupos visados, a achar que “ele nunca faria nada daquilo”, “Ć© tudo um absurdo”, “nĆ£o passa de mais um populismo”. AliĆ”s, esse Ć© outro dos sintomas: a desvalorização do nazifascismo e da retórica populista de extrema direita por parte de democratas, e a normalização do mesmo por parte de alguma comunicação social. A maioria deles acordou com a Kristallnacht.
E nós, estamos à espera de quê? A melhor homenagem que podemos fazer às vítimas do Holocausto é impedir que algo semelhante volte a acontecer.

 27 janeiro 2021

Vasco Castro Pereira