Os dois orfãos de Pedro Passos Coelho, Tiago Mayan e André Ventura, travaram ontem um duelo na tvi24 pelo amor do eleitorado de direita. Se por um lado o candidato da IL tentou conquistar a “jeunesse”, crente no neoliberalismo mas que não se identifica com o discurso xenófobo e racista do doutor “troca-tintas” (como o apelidou Mayan) , o candidato só de alguns portugueses tentou conquistar os auto-intitulados “conservadores de direita”.
Groucho Marx, famoso
comediante do séc. XX, terá dito que nunca faria parte de um clube que o
aceitasse como sócio, ora foi precisamente esta a mensagem que o senhor
“travesti de direita” (atenção, mais uma vez utilizo apenas as designações
atribuídas pelos candidatos) tentou transmitir aos telespectadores - em nada se
identifica com o Chega, tanto na questão da suposta problemática da comunidade
cigana e dos imigrantes, como na questão da TAP. Já Ventura, seguiu outra
máxima de Groucho Marx, desta vez da obra cinematográfica “Diabo a quatro”:
“Estes são os meus princípios; se não gostar, tenho outros!”. Esta mentalidade
assídua na linha (pseudo) argumentativa de Ventura, que a cada debate se torna
mais evidente, é eximiamente retratada na grande reportagem “A Grande Ilusão”
de Pedro Coelho (recomendo).
Assim, concedo a não
tão triunfal vitória do debate ao candidato da iniciativa liberal, aproveitando
para deixar apenas uma pequena advertência: Doutor Tiago, a importância de
imigrantes em Portugal não é só o papel que desempenham na entrega do seu sushi
pela “Ubereats”.
6 de janeiro 2021
Ana Neri Moreira