Obrigada, Adelaide Cabete (1867-1937)

Médica, professora, pedagoga, republicana e feminista.

Licenciou-se em Medicina, na Escola Médico-Cirúrgico de Lisboa, com a tese “A proteção às mulheres grávidas e pobres”.

Como médica distinguiu-se pelo apoio dado às mulheres grávidas, na divulgação dos cuidados materno-infantis e no combate ao alcoolismo. Todavia, a sua dedicação à medicina não a impediu de defender os seus ideias políticos sobretudo os seus ideias feministas.

Em 1914, fundou o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, reivindicando para as mulheres o direito a um mês de descanso antes do parto e o direito ao voto feminino. Por estar desiludida com o regime político do seu País implementado pelo Estado Novo (1926), partiu para Luanda onde foi a primeira e única mulher a votar.

Publicou várias obras, sendo de destacar o Papel que o Estudo da Puericultura, da Higiene Feminina, etc. Deve Desempenhar no Ensino Doméstico, Proteção à Mulher Grávida e A Luta Anti-Alcoólica nas Escolas, fazendo todas apelo à igualdade entre homens e a mulheres e ao direito às condições mínimas de sobrevivência das mulheres.

Colaborou na imprensa feminista da época, nomeadamente, na revista Alma Feminina, que chegou a dirigir, para além de ter sido presidente da Cruzada Nacional das Mulheres Portuguesas.

Durante a década de 20, participou em vários congressos, nacionais e internacionais, como no Congresso Internacional das Ocupações Domésticas, na Bélgica, e no Congresso Feministas e da Educação, em Lisboa.

Foi uma lutadora e defensora singular dos ideais feministas, graças à sua personalidade forte e vincada nunca baixou os braços, nunca deixou de lutar pela concretização dos seus princípios, não se deixando contagiar pelo padrão da sua sociedade, distinguindo-se da maioria, mas marcando sempre a diferença.

É graças a estas personalidades que estamos cada vez mais próximos de viver numa sociedade em que homens e mulheres recebem um tratamento paritário. São pessoas como Adelaide que todos os dias arregaçam as mangas e vão à luta pela igualdade e pela dignidade das mulheres, por isso nunca poderão ser esquecidas, terão sempre de ser relembradas como verdadeiras heroínas. 

23 março 2021