𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗽𝗼𝗻𝗱𝗲𝗿𝗮çã𝗼 𝗻𝗮𝘀 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗱𝗲𝗰𝗹𝗮𝗿𝗮çõ𝗲𝘀, 𝗦𝗲𝗻𝗵𝗼𝗿 𝗣𝗿𝗲𝘀𝗶𝗱𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗮 𝗖â𝗺𝗮𝗿𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗶𝗰𝗶𝗽𝗮𝗹 𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼

Não há dúvidas de que a situação de pandemia que vivemos, verdadeiramente excecional e para a qual nenhum Estado estava preparado para dar uma resposta 100% correta e eficaz (precisamente pela imprevisibilidade desta crise e seus efeitos), a todos nos preocupa, devendo mobilizar todos os responsáveis políticos, nas respetivas pastas, a usarem das suas competências para combater esta crise.

Com efeito, também as autoridades de saúde são convocadas para este importante desígnio, não sendo de descurar o seu conhecimento técnico e científico, que terá de estar sempre na base das decisões tomadas politicamente: naturalmente, neste momento complicado, todos poderemos cometer erros, pelo que as autoridades de saúde, em particular a DGS, não são exceção e também estão, como todos, a lutar contra uma situação imprevisível e difícil.
Recentemente, discutiu-se a possibilidade de um cerco sanitário ao Porto: em conferência de imprensa, Graça Freitas admitiu essa possibilidade, o que foi visto, logo depois, por diversos responsáveis políticos, como uma má decisão e que em nada contribuiria para o combate à propagação do vírus, apresentando-se justificações muito válidas e que a nós, Juventude Socialista do Porto, também nos fazem sentido, nomeadamente o facto de a cidade do Porto ser uma cidade muito importante no conjunto da Área Metropolitana do Porto e nas ligações que estabelece com os restantes municípios e o facto de o estado de emergência atualmente em vigor não justificar essa contingência, razões pelas quais que afirmamos, de forma clara, que não concordamos com a possibilidade de termos um cerco sanitário ao Porto.
Não obstante, o comunicado da Câmara Municipal do Porto, expressando a posição do seu Presidente, Rui Moreira, não pode deixar de merecer a nossa crítica: não pela discordância apresentada em relação à hipótese levantada por Graça Freitas, mas pela forma grosseira e pouco prudente como Rui Moreira atacou a Direção-Geral da Saúde, colocando em causa a sua autoridade. Se é certo que a DGS poderá merecer as nossas críticas, não é menos verdade que, no momento em que vivemos, declarações imprudentes e ataques diretos à autoridade e credibilidade técnica da DGS em nada contribuem para a resolução das várias questões que vão surgindo, contribuindo, isso sim, para a desinformação e para uma frente desorganizada de combate ao vírus.
Exige-se, neste momento, como se tem visto por diversas vezes, mas devemos voltar a frisá-lo, união, cooperação e coordenação entre os diferentes responsáveis e instituições: nos diferentes planos e posições, o trabalho conjunto de todos e a crítica construtiva quando assim se justificar, serão fundamentais para ultrapassarmos da melhor forma possível esta pandemia. Pede-se a Rui Moreira que também contribua para este esforço conjunto e que não se esqueça, nunca, que, entre as competências do Presidente da Câmara Municipal do Porto, não faz parte questionar a autoridade da DGS e a sua importância como Autoridade de Saúde.


Miguel Parente